CASTELOS

Hoje, a noite torturou-me com uma ausência muda

No linho retorcido aquietou-se o medo

Dos fantasmas que perscrutam e assolam a alma

Na verdade escancarada a desnudar segredos

A mente divaga e meu corpo inerte

Vasculha escombros do amor perfeito

E sua negritude abrigou despojos

Resquícios da paixão a mendigar desvelo

Tal lança que profunda saqueou os sonhos

Arqueio dos quadris a encaixar os dedos

Quando ao mar jogou-se-lhe as amarras

Em multidão de sentimentos, que jaz à deriva

Dessa dor que o poeta "deveras sente"

Um fastio de espera que nao cabe enredo

Abrupto, queima e corrói, dilacera a carne

O beijo sôfrego a salivar desejos

Do muito alto se fez abismo grotesco

Embriagou-me a taça que destila absinto

Minhas dores revi no escuro palpável

Pela pele expeli de outras eras o credo

Era um céu que sem lua minguava estrelas

Um meneio dos cabelos a explodir folguedo

"Porque entre o sim e o não é só um sopro,

Entre o bom e o mau apenas um pensamento,

Entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos"

(Lia Luft)

Sandra Vilela (Eternellement)
Enviado por Sandra Vilela (Eternellement) em 15/11/2011
Reeditado em 15/11/2011
Código do texto: T3336905
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