A droga do espelho incomoda

Primeiro me ofendem, apedrejam,

Aí, me afasto, triste envergonhado,

Não satisfeitos os que me invejam,

Me acusam por ter me afastado...

Cravam suas facas onde dói mais,

E não sabem por que estou gemendo;

Evocam até o testemunho do Pai,

Ele claro, dará, se bem O entendo...

Mancham sem dó um alvo pano,

E depois cobram por que está sujo;

Digam-me qual santo ser humano,

Não fugirá dos ambientes que fujo?

É fácil buscar uma oposta direção,

Para quem vem do deserto que venho;

Não achando sujeira em minhas mãos,

Me imputam intentos que não tenho.

O Eterno me vê em pé ou de joelhos,

É graças a Ele, que minha saúde medra;

Se na suportam olharem-se no espelho,

Quebrem a bosta, sentem-lhe a pedra...

Hoje eu estou danado, pê da vida,

Fazendo marimbondos de petiscos,

Um dia, em mim, vai sarar a ferida,

Quero ver como, apagar meu risco...