UMA NOITE NATALINA

Quando era ainda criança

Muitas vezes ficava absorto,

Ao ver todas aquelas pessoas

Com um largo sorriso no rosto

Com muita... muita animação,

Enquanto que no meio das ruas

Crianças seminuas dormiam ali no chão.

E eu então me questionava

O porquê daquelas crianças,

Sem nenhuma esperança

Não ganhava um só presente

E eu no meu inconsciente

Muito confuso ficava,

Pois, ao amanhecer o dia,

Meu brinquedo minha companhia,

E lá fora uma criança chorava,

Mas ao meu lado uma outra sorria.

E eu nesse questionamento

Que para mim era um tormento,

Eu à noite não dormia.

Hoje eu entendo melhor,

Mas me entristeço como outrora

Ao ver crianças que pedem esmolas

Para essa sociedade cruel,

Onde crianças não têm escolas

Nem a visita de papai Noel.

E aos poucos eu me conformo

E vem-me uma paz infinita,

Pois sei essas crianças aflitas,

Já têm um cantinho no céu.