Resposta(s).

Que é esta fuligem suspensa,

negra, senão pó de escuridão?

Que é senão a consciência, dor;

tecida na gente a fios de corrosão?

Que é senão meu próprio grito,

Sopro da chaga que me fustiga?

É deveras posse comum a todos.

Migra de peito, à surdina, atrevido.

De observar a terra veio-lhe a cultura:

planta semente fértil regada a vinho.

Que é senão meu próprio grito,

dor sentida que tenho escrito?

É Deus quem chama para o ajuste.

Quer logo os juros da descrença,

Mais as parcelas de angústia tidas.

Quer logo o lucro, para si a diferença.

Que é senão meu desespero esse Deus?

Que é, senão foi o amor, este contrato?

É somente o motivo de cá virmos a choro;

é o visto da viagem tenebrosa ao desconhecido,

O choro é a dor das amarras a rasgar a pele,

do pesado fardo da vida, nas costas do nascido.

Vinicius de Andrade
Enviado por Vinicius de Andrade em 16/12/2011
Código do texto: T3391904
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