Esses versos

Há nesses versos muito de mim

De meu hálito, suor e sangue

Mas principalmente

lágrimas

Em especial,

as que não derramei

Há um cais vazio e repleto

Mutilado por navios perdidos

Há luz e escuridão

Há pausa e o dínamo

Veloz e eloqüente

Do pensamento poético

A percorrer os perímetros possíveis

E irrazoáveis da paixão humana.

Há o alvorecer silente do outono

Há uma Guernica em chamas

Gritando por misericórdia

Que ninguém entende.

E, pior que ninguém atende.

Há uma soleira branca

A espera do primeiro passo

Há uma janela entreaberta

A espera do primeiro raio de sol

E mesmo que não haja sol

Há nesses versos

Miríades de estrelas cadentes

Pontuando segredos,

publicando idéias inconfessáveis

Há na chuva a redenção da água

Lavando tudo, enxaguando tudo

E ainda assim, resta o resíduo de mim

Nesses versos sem rima e com algum lirismo

Suicidas compulsivos

Se jogam numa rede e sem serem

pescados

São garimpados dormentes e permanecem

Vivos pelos suspiros e reticências de quem

Os lê...

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/12/2011
Código do texto: T3392734
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.