Reflexão Metafísica

Recordo as procelas de pranto

que na alma se inflamam.

Recordo os mais escuros recantos

dos pobres seres que amam.

Suporto o peso das melancolias

que escravizam o poeta.

Na noite sinto a inútil agonia

duma angústia quase sempre secreta.

As lágrimas inundam os olhos

forjando oceanos de mágoa;

vivo a existência entre abrolhos

mergulho no negro das águas.

Afogo-me nas tristes lembranças,

percorro um labirinto de sonhos.

A escuridão no nada me lança,

no fogo de infernos medonhos.

O poeta chora seu último verso,

a alegria devora o sorriso

que tange todo o universo

prostituindo até o paraíso.

As sombras me recordam o ritmo

duma sinfonia inconclusa.

O segredo que guardo no íntimo

é beijo nos lábios da musa.

Enfim perscruto a sutil substância

que guarda em última essência

do universo a única infância,

macrocosmo de nossa existência!

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 07/01/2007
Reeditado em 15/09/2007
Código do texto: T339723