Reflexão Metafísica
Recordo as procelas de pranto
que na alma se inflamam.
Recordo os mais escuros recantos
dos pobres seres que amam.
Suporto o peso das melancolias
que escravizam o poeta.
Na noite sinto a inútil agonia
duma angústia quase sempre secreta.
As lágrimas inundam os olhos
forjando oceanos de mágoa;
vivo a existência entre abrolhos
mergulho no negro das águas.
Afogo-me nas tristes lembranças,
percorro um labirinto de sonhos.
A escuridão no nada me lança,
no fogo de infernos medonhos.
O poeta chora seu último verso,
a alegria devora o sorriso
que tange todo o universo
prostituindo até o paraíso.
As sombras me recordam o ritmo
duma sinfonia inconclusa.
O segredo que guardo no íntimo
é beijo nos lábios da musa.
Enfim perscruto a sutil substância
que guarda em última essência
do universo a única infância,
macrocosmo de nossa existência!