Traição

Malha a bigorna

o coxo Hefesto,

enquanto remói

o ódio, o ciúme

e mais o resto.

Maldito Ares (!), vocifera.

Maldita besta-fera

que trouxe o gozo

para Afrodite,

a amante insaciada,

qual fêmea alucinada.

E presto, Homens e Deuses

planejam a vingança

(e nela pôem a última

esperança).

Febre malsã

de todo amanhã.

Que se exponha à censura,

a vergonha do adúlteros.

Que lhes cessem toda mesura,

pois eis que trairam

o sonho que permitiram.

Que gemam cativos

na rede dos mortos-vivos.

Que peçam clemência

pelo estupro da inocência.

E que implorem

por um gesto de nobreza,

da traída certeza.