Sentimentos de um Bipolar
Dor! Tu que és oriunda
Dum sofrimento modesto.
És voz sem razão,
Poesia sem coesão,
Tristeza mórbida.
Mata-me por dentro,
Às vezes até por fora.
Através de meus olhos tu apareces,
E o pranto logo vem.
Vem com tempo certo,
Mas sai sei lá quando.
Meu sul é o norte,
Minha vida, meu engano,
Meu céu é a morte,
Meu choro, sangue que derramo.
Tristeza, choro, dor,
Provenientes de ti meu amor.
Numa parte tudo,
Em outra nada,
Um buraco profundo,
Um vazio eterno,
Um vão sempiterno.
Dum lado a alegria,
Vinda do contentamento,
Que o amor trazia.
Do outro o meu alento,
A dor profunda.
O vazio que propicia,
O meu sofrimento.
Dor! Tu que és oriunda
Dum sofrimento modesto.
Modesto! Mas de prazer.
Rico em desgosto,
Amor sem esforço,
Prazer sem duração.
Frutos e resultados,
Vindo sempre arrastados,
De uma grande desilusão.
Cativas oh coração só tristeza,
Para que ela o alimente,
Para que dela tu vivas.
E nessa vida solene,
Encontre novamente o prazer,
De amar e ser amado,
De por ti mesmo viver,
E não por alguém,
Que não queiras o teu bem.
Ouve-me oh coração,
E pare de sofrer.
Esqueça-te da paixão,
Proveniente de outro ser.
Da dor não experimente mais.
Dor! Tu que és oriunda
Dum sofrimento modesto.
Sofrer-me fez demais.