A 2ª Dose

Uma rosa atônita

pergunta-me de qual

jardim foi exilada;

e chora orvalho

e macula o assoalho.

Está morto o Colibri

que ouvia minha poesia

e assinava minha alforria.

E nu está o vestido

da flamenca dança

que girava M.

ao som da gitana Boheme.

Sinto falta de Ana

das mil noites.

Na Lapa ela me espera

para o drinque que tomaremos,

entre tantos mais,

a um só menos.

Quem dera, fosse agora,

minha última espera.

Quem dera, o Jarro quebrado

lavasse meu Fado.

Quem dera, a janela quebrada

testemunhasse a jura trocada,

a cama desfeita

e a noite perfeita.

Quem dera, só houvesse

depois de amanhã.

E a náusea nem chegasse

ao Espaço onde transito,

no Tempo que habito.

Para as poetisas - Ana Lago de Luz

e

Teresa Azevedo.