o quarto espelho
o quarto espelho produz
a sombra
escassa e pálida, um vulto
disforme, mundano
as cinzas dissolvem. a cera
que cobre a carne ,
escassa e pálida.
as vezes sinto o espelho
observando
com olhos reflexivos,
com olhos repugnantes.
A luz apagada do quarto espelho,
a existencia de vultos.
percebida apenas
com os quatro
sentidos restantes
me levanto e vejo
com olhos cegos ,
o repugnate reflexo , minha imagem disforme.
a ordem que sai de labios invertidos ,
o grito e o estampido escarlate
de meus timpanos, as ondas sonoras
refletidas por paredes ,
reflexivas,
a respiração e o toque gélido
de infinitos, espelhos.
os pés,
sem as velhas botas,
mãos soltas
em um falso abismo,
meu corpo e a revolta contra o quarto espelho.
os punhos quebram paredes frias ,
estilhaços quebram a carne quente ,
o sangue simples e vermelho ,
gotas que simplesmente caem .
me sento no chão do quarto.
com luzes apagadas nunca vi
nenhum reflexo.
com luzes apagadas descanso
no quarto espelho.