Tempo de extrema reflexão

Naquela manha silenciosa, o poeta rompeu a ordem e disse:

“Chega-se um momento que os dedos não entrelaçam os cabelos. Tempo de extrema reflexão. O riso é uma fria emoção que não prevalece ao toque das mãos.

Tudo se vai.

Momento curto que contem a força de tornar definitivo.

Por onde andei, me pergunto. E se eu soubesse te dizer nada mais tu escutarias a não ser historias de caminhos tortuosos, bicicleta estacionada á lateral da calçada folhas secas espalhadas pelo vento no outono.

Tudo que vejo, tudo que sinto que vivo e a percepção alcança, tornou-se parte de mim e isto a consciência reflete.

Feliz é o destino do sonhador realizado. Viveu, sonhou, sofreu, chorou, amou.

Á parte disto, o tempo me é algo que escorre por entre os dedos e a irrelevância de preocupações tolas fazem-me crer, simplesmente crer, sinceramente crer que talvez tudo passe como tudo sempre passou.

Estou vivo e isto é certo, viver é algo verdadeiramente incerto. O pedido de perdão, a frase pronunciada, o desejo reatraido, sufoca nas entrelinhas a voz que mudaria o rumo da estrada.

Tantos caminhos felizes, cartas, fotografias, mãos unidas.

Discussões gélidas nos bancos da praça, não deveriam fazer parte da rotina.

Brisa suave, folhas secas espalhadas, toque meu coração.

Por onde andei? Confie em mim.

Joserocha
Enviado por Joserocha em 01/04/2012
Código do texto: T3588228