Semente

Tens nublados os olhos em cinza,

Perdida menina de traumas,

Por que tua vida de lodo infinda

Amordaça distraídas almas...

Teu corpo de doçura e gozar

Esconde o veneno insípido:

O mel que a Cristo fazes provar

Ofereces também ao inimigo.

No veneno da multiplicidade,

Quantos seres habitam em ti?

Quando o jardim murchar na idade,

Sem entranhas viverás no porvir?

Mas perdoo-te pelo vago olhar,

Musa amada da casca...

Vasto é o riso falso em tua face,

Mas a vera tristeza é mais vasta!