Tudo é pó

E é quando bate a solidão,

E a tristeza se faz forte em seu coração,

Nos teus olhos vem de repente,

As lágrimas, que atrás de um falso riso,

Por tanto tempo se escondeu...

E nós sentimos o crepúsculo da noite eterna,

O frio e a amargura, o medo se faz senhor,

Senhor da angustia...

Você se põe só a olhar,

A escuridão de um céu sem estrelas,

O brilho mórbido do luar,

O gosto do sangue em suas mãos...

Correr pra que?

Se em tuas pernas faltam forças...

E se sabe que o certo a fazer é se lançar neste abismo...

De incertezas, de lágrimas e tristezas...

Um mar... gélido e nefasto...

De tudo o que por tanto tempo se escondeu...

Atrás dos olhos vem o grito,

Preso por séculos na garganta seca...

A embriaguez é mais uma vez a solução...

Esquecer mesmo que por um momento,

Ser feliz enquanto dorme... e acordar em volta a multidão...

Sozinho...

Eis seu fardo,

Das escolhas que um dia você fez...

Eis aí sua razão...

Eis aí a morte pronta a abraçar-te...

É só pular... adormecer antes de encontrar com o chão,

Antes do sol nascer... a noite é quase sempre eterna,

Antes de dar valor a um sorriso,

É preciso abraçar como uma velha amiga, a tristeza...

Antes do coração bater de verdade...

É necessário que ele pare...

E antes de viver para sempre...

É inevitável a morte!

As vestes negras... e o luto de outrora,

Não são motivos de vergonha,

É hoje a razão da tua glória...

Nunca saberemos o quanto podemos ser fortes,

Antes que a fraqueza nos domine,

Antes que se despedace pelo chão...

O que um dia achamos que seria verdadeiro e eterno...

Por que o eterno...

É só questão de opinião!

Já faz um tempo,

E parece que nunca nos cansamos desta ilusão...

Quando é que vai embora esta dor no coração?

Quando é que seremos livres...

Quando é que seremos felizes?

Eis as perguntas... mas as respostas...

Tardam a chegar...

Nos resta esperar... viver e chorar...

E no fim... tudo é pó!