A Mancha

A mancha vem comendo pela beira

O óleo já tomou a cabeceira do rio e avança

A mancha que vazou do casco do navio

Colando asas da ave praieira

A mancha vem vindo

Vem mais rápido que lancha

Afogando peixe, encalhando prancha

A mancha que mancha,

Que mancha de óleo e vergonha

Que mancha a jangada, que mancha areia. (Lenine/Lula Queiroga)

A mancha na ave arde.

Arde ave branca na dor.

A mancha na ave traz tristeza

No olhar da ave que não voa.

O voo não decola, asas pesadas

Ave tenta, a mancha cansa,

Nem olhos para enxergar o horizonte,

Não vê o céu, não vê teus irmãos.

A mancha na ave é manto,

Manto triste que encobre sua razão de voar.

Asas não batem, a dor queima.

Ave branca manchada de sofrimento.

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 11/04/2012
Código do texto: T3606725
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