Tão falho, tão vivo.

Eu falho tanto,

eu erro, erro todos os dias,

falho com tanta frequência,

com tantas coisas, em tudo!

O cobrar aparece por todos os cantos,

de todas as pessoas,

até mesmo das que você mais ama,

direta e indiretamente.

Mas elas estão corretas,

pois eu falho, falho tanto.

A culpa é minha, por tanto falhar.

Tão falho e fraco

nas pequenas e grandes coisas.

Sou tão falho.

Mandaram-me construir um prédio,

sem nem mesmo somar dois mais dois.

A culpa ainda é minha.

Falaram-me para atravessar a rua,

também não consegui,

tão fraco.

Tentei amarrar meu cadarço,

também não consegui,

não tive forças nem suspiro.

Tão inútil.

Deram-me para beber um copo d'água,

e eu consegui.. derrubá-lo ao chão e quebrá-lo,

nem isso eu consegui.

Nem isso eu consigo,

nem isso?

Sou como um pedaço de pano ao sol,

tão inútil quanto,

tão inútil.

Sou tão falho!

Chego a não ver minhas falhas muitas das vezes.

Falho com meu Senhor,

com minha amada,

com meus amigos,

com minha família,

com todos eu falho.

Uma vida tão falha,

tão fraca!

Falho com o que é fácil falhar,

e com o que é quase impossível,

mas eu falho!

Vivo em uma multidão de falhas, erros,

fracassos e fraquezas.

Tenho apenas do que me envergonhar.

Onde está meu mérito?

Inexistente.

Acordo logo pela manhã,

e já erro.

Tantos frutos podres,

eles fedem.

Sou tão fraco, meu Senhor,

tão falho!

Apieda-te de mim!

Tenha piedade!

Sei que ainda em minha vida,

irei falhar, falhar e falhar.

Afinal, isso é o que sei fazer de melhor,

fracassar!

O irônico é que

até em motivações corretas (ou que eram para ser)

minha essência é falha,

minha essência falha!

E mais irônico ainda é quando fui orgulhoso - tão cego! -

estava tão cego, que o orgulho nasceu.

Logo, fui pisado e humilhado.

Pisoteado pela misericórdia.

E ao meio de tantas falhas e fraquezas,

entre erros e acertos,

uma vida foi-me concedida,

uma voz disse-me:

Meu poder é aperfeiçoado em sua fraqueza.

Meu grande Senhor não se esqueceu que sou pó,

ele não esqueceu!

Teve compaixão, e consolou-me.

Onde está o merecimento?

Inexistente.

Alegrei-me!

Pois mesmo com tantas falhas

recebi misericórdia.

E mesmo em tantos erros,

em tantas falhas,

sangue foi derramado por mim,

para que eu não morresse em minhas falhas.

Quem sou eu para recusar tanta bondade e salvação?

Quão falho sou, quão vivo sou!

Tão vivo estou!

Minha vida de falhas foi pintada de vermelho,

ela melou-se toda de vermelho,

cor forte, cor de vida!

Sou tão falho, e a tristeza logo vem.

Recebi tanta misericórdia, e o coração transborda.

Pois onde antes abundaram as falhas,

agora, superabunda misericórdia.

Sou tão falho,

sou tão fraco,

sou tão.. humano,

sou tão.. normal.

'Minha graça te basta.' ..

Não mereço sequer um segundo,

por isso é chamada de graça.

Minha alegria não está baseada em minhas falhas,

e sim, no que permite minhas falhas.

[01/05/12]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 01/05/2012
Reeditado em 01/05/2012
Código do texto: T3643291
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