Oração



Deus, eis o seu filho torto,
às vésperas da fraqueza.
A terra que já nem piso,
nem condenar, me condena.
Sinto o coração falhando,
os músculos indiferentes,
a mente se desintegrando,
e amor, já nem se sente.
Respiro por ser involuntário,
e vivo por acreditar que sou forte.
No fim, se há em mim sua centelha,
tratei de escondê-la, por ser covarde.
Até as palavras me soam fabricadas,
pois minha boca não conhece meu espírito.
Enquanto os abutres me levam a alma,
meu corpo posa num fotolito.
Mas não sou gente, sendo apenas eu.
Por isso regresso, ao meu Pai esquecido.
Nenhuma força habita minha vontade,
pois não a tendo,
pertence agora ao grande Infinito.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 09/05/2012
Código do texto: T3659220
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