SEM VIDA
SEM VIDA
Sob a marquise dorme um corpo
Todo encolhido e torto
Coberto por panos rotos
Recheado de desconforto
É mais uma vida jogada
Numa suja calçada
Desprovida de vida
Existência sofrida
O frio maltrata
A fome aos poucos mata
Esse ser racional
Muito mais animal
A gente passa
Olha mas não enxerga
A maior desgraça
Aquele corpo que verga
Por que será que está ali jogado
Sem a miníma esperança
Um dia já foi criança
Deve ter sonhado
Agora é só pesadelo
Envolto nesse novelo
Do qual não se desembaraça
A cura é só cachaça
Que vida mais sem sentido
Apenas o cachorro amigo
Procura o seu abrigo
Sabe não será agredido
Sente-se pena e dó
E fica-se no sentir
Omite-se o omitir
É pensamento só