SEM VIDA

SEM VIDA

Sob a marquise dorme um corpo

Todo encolhido e torto

Coberto por panos rotos

Recheado de desconforto

É mais uma vida jogada

Numa suja calçada

Desprovida de vida

Existência sofrida

O frio maltrata

A fome aos poucos mata

Esse ser racional

Muito mais animal

A gente passa

Olha mas não enxerga

A maior desgraça

Aquele corpo que verga

Por que será que está ali jogado

Sem a miníma esperança

Um dia já foi criança

Deve ter sonhado

Agora é só pesadelo

Envolto nesse novelo

Do qual não se desembaraça

A cura é só cachaça

Que vida mais sem sentido

Apenas o cachorro amigo

Procura o seu abrigo

Sabe não será agredido

Sente-se pena e dó

E fica-se no sentir

Omite-se o omitir

É pensamento só

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 28/05/2012
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