O canto da dor

Pranteadas lembranças

De pessoas tão amadas

Desde os tempos de criança

Que soluço de saudades

Açoita-me um violento vento...

Ainda não viver à eternidade

Para aliviar este tormento

De não vê-las aqui ao meu lado

Apenas sinto profunda tristeza

A parecer-me deixar inconsolável

Aí recorro à plástica beleza

De um poema admirável...

Será que encontro a chave secreta

A abrir o cofre deste silêncio?!

Deixo a luz entrar pela porta entreaberta

Ou apenas dialogo reminiscências?!

Eis que recebo em festa de lamentos

Os espíritos que estão transbordantes

A acariciar este sublime momento

A purificar-me em lágrimas declinantes.

Hildebrando Menezes

Nota: Inspirado em poema que me foi enviado por Márcia Laja.

de Eugênio de Andrade “Onde me levas, rio que cantei”

Onde me levas, rio que cantei,

... esperança destes olhos que molhei

de pura solidão e desencanto?

Onde me leva?, que me custa tanto.

Não quero que conduzas ao silêncio

duma noite maior e mais completa.

com anjos tristes a medir os gestos

da hora mais contrária e mais secreta.

Deixa-me na terra de sabor amargo

como o coração dos frutos bravos.

pátria minha de fundos desenganos,

mas com sonhos, com prantos, com espasmos.

Canção, vai para além de quanto escrevo

e rasga esta sombra que me cerca.

Há outra fase na vida transbordante:

que seja nessa face que me perca.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 18/06/2012
Código do texto: T3730511