Um Cão

Ao vir à casa, apático e absorto

A ponderar essas moções da vida

Vislumbro a minha essência resumida

Pelas carcaças de um cachorro morto

O podre odor que a carne desprendia

Comida pelas moscas varejeiras,

Zumbindo em suas óperas ligeiras,

Forçou-me a contemplár tal sinfonia.

Lembrei-me - como quem já fora um dia -

Outro cadáver, pútrido ao relento

Jazendo noutro solo poeirento

Servindo-se alimento à bicharia.

Depois, ao despertar dessa canção,

Seguindo em meu caminho solitário

Sorri do meu patético fadário

De que eu seria um dia aquele cão...

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 08/02/2007
Reeditado em 09/02/2007
Código do texto: T374312
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