ALMA FERIDA

Há uma ferida que dói como o elefante que se deita

No tapete de areia para esperar o sopro manso da morte,

Mas que observa de longe os passos dos outros elefantes,

E sente um desejo enorme de voltar a andar como antes!

Eu vejo o mundo nas belas artes da primavera:

Que flores! Que cores! Que odores!

Meus olhos contemplam sua generosidade sincera,

Mas meu inverno pessoal me causa íntimos tremores!

Há uma ferida que dói como a andorinha desgarrada

Que voa solitária na atmosfera quente do verão,

Ou o cão abandonado que vagueia na escura madrugada

Procurando seu antigo dono na rua deserta da solidão!

Não sei o que minha tristeza perpétua espreita

Na palidez da lua cheia que o céu apagado enfeita,

Sei que o fio da sua navalha sinistra me torna mais forte

Cada vez que estanco na alma a sangria do seu frio corte!

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 04/07/2012
Reeditado em 27/09/2012
Código do texto: T3759478
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