ANGUSTIA
 
Estou sentando no beco da solidão
Como quem se esquece do mundo sem causa
As feridas vivas e ensanguentadas
Riscadas em meu corpo jogado na sarjeta
Revela o dejeto humano que tentei não ser
Não queria sofrer tanto meu Deus
E nunca entendi as razões
De sempre estar onde havia dor
Vejo-me agora junto a zumbis que perambulam
Nas ruas lamacentas da favela que fui enviado
Dividindo o sofrimento com outros nunca vistos antes
Como garrote berrante a caminho do abate cruel
Não queria viver tanto meu Deus
Para ver meu pai morrer
Meus filhos pediram pão
Sem que eu possa lhe ofertar
Minhas perguntas sem respostas
Sem que alguém possa decifrar em meus olhos aflitos
Diante da desconexão das obrigações morais
Deus onisciente da minha dor
Deus onipotente de meu amor
Deus onipresente de minha vida
Amor perfeito
Eterno de existência indispensável
Meu corpo não mais crê em ti
Apesar de minha alma não buscar o céu
Aguardando teu sinal.

Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 09/07/2012
Código do texto: T3768697
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