Conflitos
Perplexidade
Estupefação
Tristeza
Amargura
Aperto no peito
Arrepios pelo corpo
Revolta
Indignação
Desejo de vingança
Vontade de matar
Nó na garganta
Sensação ruim
De que nada adianta
Impotência
Incoerência
Pura maldade...
Diante da notícia
Estampada no jornal
Dentre outros destaques
De carnaval
Os sentimentos afloram
Intensos
Crescentes
Conflitantes
Uma criança
Linda
Que brincava
Estudava
Cantava
Pulava
Era a alegria
De toda a família
Subitamente
Selvagemente
Atrozmente
Presa pelo cinto de segurança
Do automóvel
Durante um assalto
Arrastada por quilômetros
No asfalto
“Boneco do Judas”
Disse o bandido
O vagabundo
Sem alma.
Lendo a notícia
Uma vez mais
O sentimento
O conflito
Antagonismo
Paradoxal
Poeta-policial
Poeta x policial
A busca do poeta pelo belo
Pelo refúgio
Escapar ao feio, ao atroz
Sensibilidade posta à prova
Mais uma vez
O policial
Que tem um filho
Com a mesma idade da vítima
Deseja por as mãos no vagabundo
Fazê-lo sofrer
Torturá-lo
Até a morte
Ele sabe que não haverá castigo
Como parte integrante
Conhece o sistema
O “stablishiment”
A justiça injusta dos homens
Mandemo-los “para a vala”!
Eis o desejo do policial.
Mas o poeta se manifesta
E diz: Acalme-se!
Você não é assim.
Não pode mudar o mundo.
Sempre existirá nobreza e vileza
Beleza e fealdade
Bondade e maldade.
Siga seu caminho e tente fazer o mundo melhor.
Mas a sensação persiste
Impotência
Monstruosa
Sufocante
“Uma andorinha só não faz verão”
Já dizia mamãe
Confuso
Amargurado
O poeta-policial chora
O pranto da nulidade
Da inutilidade.
O que resta fazer?
Clamar aos céus?
Questionar o Deus-Tirano?
Ou dar uma de maluco
Encarnar um “spy killer” ou “mass murderer”
Sair por aí
Atirando e matando?
Poeta-policial
Eterno conflito
Entre seres antagônicos.
Carlos Cruz – 11/02/2007