Insónias
Não durmo
e a madrugada desperta um principio e um fim
uma ansiedade que me perturba a alma
me desassossega os dedos
e me desperta em formas e fantasmas
Não durmo
e um medo nunca vem só
uma corda no pescoço que me impele de respirar
um atilho no peito que me desmembra o coração
este,
hoje aflito
quase sem fôlego
sem idas e voltas
As portas que se fecharam voltam a abrir
portas e fechaduras que outrora mudei
que tento dia após dia aceitar
dia após dia esquecer...
Mas quando se sai também se entra
quando se fecha também se abre
no fim está sempre o começo
e este é o principio do meu precipício...
Achava-me algemas e ave que encontrou seu ninho
mas sou apenas penas que restaram de um pássaro que voo sem destino
enclausurada neste imenso nada que hoje não me deixa dormir...
Voltei a não conseguir dormir
ansiosa
medrosa
sozinha
triste tão triste quanto aquelas ultimas lágrimas que limpei de um só suspiro.
Estou tão desperta
tão atenta
tão cheia do turbilhão de coisas que um dia me atormentavam dia e noite
coisas que guardei naquela caixa dos segredos que escrevi noites inteiras
que fechei...Tranquei!
Não durmo!
Estou de olhos abertos atentos naquele menino que dorme num sossego que eu nunca tive
De sentidos palpáveis, entorpecidos, apurados
trémula, com náuseas e sem saudade alguma de momentos como este.
Fraquejei, eu sei! Sou ainda Ser. Quebrei a força das pernas porque a luz do dia me pregou uma partida
Quebrei o sossego com a ansiedade que gira á minha volta
quebrei o silêncio que procurava em cada pausa vital, cada momento zen...
Descaí-me do andar e chorei
chorei
chorei tanto que hoje fico aqui sem ter a tua mão no meu ombro
sem esperar o teu abraço que me console
sem a tua palavra... Hoje mesmo que errada, seria na hora certa.
Sem angustia que me restava sempre quando finalmente eu adormecia
hoje não te espero
amanha o sono finalmente virá
e eu...Se Deus quiser
fecharei os meus olhos a olhar o fundo dos olhos do meu menino
com as minhas mãos entrelaçadas nas dele
e com o coração tão cheio!