AQUELE BEIJO NO ALÇAPÃO DE UMA AURORA PERDIDA
AQUELE BEIJO INESQUECIVEL
QUE LEVOU NOSSOS SENTIDOS AOS BIOMBOS DA LUA.
INJETOU NA PONTA DAS ESTRELAS, SUAVEMENTE...
A SONOLENCIA DAS CANÇÕES.
AÌ, OS MEUS CANTOS SE DESESPERARAM.
NÃO ENCONTRANDO MAIS OS MEUS CANTOS FISICOS.
ESCURECIDOS NA MINHA ALMA. OS SINUOSOS DESVÃOS.
NO ALCAPÃO DE UMA AURORA PERDIDA.
NOS ARREPIOS DOS NOSSOS SILOS DEFORMADOS.
GUARDAM-SE OS ALIMENTOS NAS SOBRAS DO AMOR ACABADO.
ERGUEM-SE OS ESQUELETOS DO DESEJO
NOS GRAÕS VÃOS DE UM AMOR RECORDADO.
AMA-SE O AMOR MORTO.
NO PRESENTE , AINDA QUE FOLHA DESCORADA;
E TUDO SEGUE , PROSSEGUE NO RELOGIO CUMPRINDO AS HORAS.
NO DORSO DE UM DESPERTAR.
VEM O DESCOBRIMENTO QUE PERDEMOS A BATALHA.
OS FUZIS E AS FLORES RECOHEM-SE.
AQUELE BEIJO, ENSANGUENTADO.
QUAL CARNE CRUA DE SUPERMERCADO
A ESPERA DE TEMPERATURA E VAPOR.
DE TEMPEROS E TERNURAS ENVOLVENTES,
QUE LHE DARIAM O ULTIMO GOSTO DE VIDA
NO ENTREPOSTO DO SABOR.
NÃO EXISTIRA. FORA SONHADO?
GOSTO DE ARROZ NOVO E FESTA NO MUNDO.
OU UM VINHO DESFIGURADO ?
AQUELE BEIJO ANTES FORA MÁGICO
AQUELE BEIKO COLORIRA O MUNDO COM UMA BELEZA NUNCA IGUAL.
PUNHA-SE A MESA E NA MESA FAZIA AS ESTRADAS INESPERADAS.
PERFUMAVA O JARDIM DAS DELICIAS.
DO SONHO E DA CARNE,
COM IMENSA PROPRIEDADE.
NA PORTA APRESENTAVA-SE DOCE.
NO ACENO AFIGURAVA-SE ETERNO, CUMPLICE.
ROMANTICO VERÃO DAS ÚLTIMAS ROSAS SUAVES.
AQUELE BEIJO, LINGUAS E FLÂMULAS
HAVIA DEVOLVIDO AO MUNDO A SUA OSSATURA.
AS MIL NOITES ROMANTICAS.
DA VÃ E ETERNA PROCURA ENFIM ACABADA.
FIM DAS PISADAS INCERTAS SOBRE O RESTO DAS VIDAS.
AQUELE BEIJO ANTES FORA MÁGICO.
ENCONTRARA O NOSSO MUNDO DESPIDO
E PACIENTEMENTE O VESTIRA.
COM GROSSOS AGASALHOS DE LÃS PUIDOS E AS ARMADURAS.
QUE DORMIAM NAS AREIAS RESENTIDAS DE NÓS.
HÁ TEMPOS, ESPERANDO PELO AMOR.
AQUELE BEIJO, MEIA LUZ.
MEIO CASTELO, MEIO COSTELA , MEIO DECEPÇÃO.
ENFERMIDADE E ETERNIDADE.
NA METADE DA ESFERA EM QUE IAMOS, DIVIDIDOS.
CAMINHAVA O ULTIMO FIO DA ULTIMA SENSIBILIDADE.
AQUELE BEIJO DAVA A NÓS A PRETENSÃO.
PREPARAVA NOS PARA O ESQUECIMENTO QUE COBRE OS TRILHOS.
TODOS OS DORMENTES, ONDE A ILUSÃO PASSEIA.
AQUELE BEIJO DANÇAVA O SEU ULTIMO BOLERO.
ENTRE MUITOS " EU TE AMO ", MUITOS " NÃO TE QUERO"
AQUELE BEIJO QUE ANTES LIMPARA AS AMARGURAS.
TROUXERA TODOS OS JARDINS DE VOLTA.
BEIJO DOCE, ALEGRE.
QUE REFLORESTARA OS APAIXONADOS
EM MEIO AS LAGRIMAS DA LUA QUE CAIAM.
COMO SUAVES PINGENTES DESGARRADOS.
DE UM BEIJO DADO EM SONHO,
AQUELE BEIJO DECIFRAVA NA FÁBULA OS DESENCONTROS.
GUARDAVA NAS PÁGINA DE UM LIVRO, A SAUDADE.
ÁVIDA DE HEROIS E DE HEROINAS QUE MATASSEM A FICIÇÃO .
DEVOLVESSEM O AMOR A SUA REALIDADE.
AQUELE BEIJO QUE ESTAPEARA E ESTANCARA O TEMPO..
QUE TINHA DISSOLVIDO OS SÉCULOS DE MÁGOAS.
PERDERA A VAZÃO, A RAZÃO, O SENTIDO.
FICARA UM CADAVER FRIO.
AQUELE BEIJO NO ALÇAPÃO DE UMA AURORA PERDIDA...
TRAZIA OS OLHOS AGORA EM OURO DERRETIDO.
NÃO MAIS EM BOCAS ESCULPIDAS.
NAS BOCAS CAUDALOSAS DE UM RIO DE BOMBONS.
AQUELE BEIJO ERA DO AMOR, DESCONHECIDO.
ERA PELO CORAÇÃO , DESPREZADO.
NAS MAMORRA DA ROTINA DO DIA A DIA BUSCANDO ESQUECER.
AQUELE BEIJO TINHA MORRIDO.
O REQUIÉM ERA SERVIDO EM FRIAS SICARAS DE CAFÉ.
ONDE OS OLHOS DE AMBOS , BOIAVAM, CONFORMADOS.
OS BEIJOS QUE TODOS UM DIA TROCARAM,
DERAM AO MUNDO FANTASIA, POESIA E SOMHO;
ALGUNS CHEGARAM AO PORTO DA FELICIDADE.
AQUELE BEIJO NOSSO COLORIRA O MUNDO ANTES.
DE UMA BELEZA JAMAIS IGUAL.
FOI VIVENDO NA FALSA ILUSÃO. BROTANDO. MORRENDO.
NO ALÇAPÃO DE UMA AURORA PERDIDA.
MAURICIO DE AZEVEDO
pÚS MODERNO
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ABRAÇOS A TODOS. O MUE CARINHO, AS MINHAS DESCULPAS. VOLTO AOS POUCOS PARA A POESIA, MAS HÁ MUITO PARA POR EM ORDEM COM TANTO CARINHO E AMIZADE RECEBIDAS. OBRIGADO A TODOS AMIGOS. FIQUEM COM DEUS.