Ouça-me!

Como eu ouvindo o clamor

de um soldado em desespero,

irá o Senhor escutar

o clamor de um desesperado?

Depois da ignorada no dia inteiro,

depois do longo enterro

atrás de uma desesperançosa esperança

irá o Senhor escutar?

Irá escutar o grito de um homem,

que chora

que grita

que arranca a língua?

Emudeça-me!

Mas não deixe de ouvir-me!

Emudeça-me perante o canto

mas não deixe de me ouvir!

Ouça-me na virada da noite

como o travesseiro que ouviu

o clamor do meio dia

e o clamor da meia noite.

Irá o Senhor ouvir

o grito de um escravo?

O grito desesperado

de um abominável escravo.

Ouça-me, por favor!

Não deixe ecoar o silêncio

desta sala escura

toda branca, sem vida.

Muito sangue foi derramado

para o Senhor me ouvir.

Muita dor foi sofrida

uma morte de um infinito.

O sangue respinga em mim

e minha língua desfalece.

Emudeça-me,

mas pelo sangue ouça-me!

Ensanguente minha língua

arranque-a!

Mas ouça-me,

com grande audição.

Sim, sim

eu sei que Ele vai me ouvir!

Um alto preço, preço alto de mais

foi pago, para eu ser ouvido!

Faze-me falar, por favor!

Dá-me palavras, leva-me a falar!

Leva-me a clamar,

e ouça-me!

Emudeça-me,

e ouça-me.

[[16/08/12]

Cesare, em tudo capacitado pelo Senhor.

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 16/08/2012
Reeditado em 16/08/2012
Código do texto: T3834112
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