Rotina: ciclo de morte em vida.

Temo no amanhã, dia de ontem,

Tudo tão reles e simples,

Largado à deriva no mar monocórdio,

Desidratado, desiludido, desatinado.

Trabalho inodoro, cadeia do homem,

Lugar imprestável de cáusticos ares,

Mofado, abafado, envenenado.

No peito, o berro contido;

Na mão, o soco travado;

Nos pés, o arranque detido;

Na mente, o orgulho sedado.

Alienado, putrificado, maquinizado,

Engaiolado, martirizado, exorcizado,

Nadificado, coisificado, vaporizado.

Em transe, na rotina da vida errante,

Solapado na memória do porvir,

Vago solitário no badalar das horas,

Cadência mortificante da alma.

Leandro Barreto Bortowski
Enviado por Leandro Barreto Bortowski em 05/09/2012
Reeditado em 22/08/2020
Código do texto: T3867242
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