A trajetória de uma lagrima

...Uma lagrima desce dos olhos,

Tão salgada quanto à água do mar,

Tão amarga quanto o desejo, de não desejar.

Os olhos se apertam e outras também descem,

Como a chuva, que com poucos pingos começa...

Dando inicio a grande tempestade que virá.

Como o trovão o soluço chega fazendo barulho,

As lagrimas não param...

Tão vivas quanto o desejo de não estar,

Vão descendo abandonando os olhos...

Sem saber quem irá as amparar,

Inútil seria conte-las!

Rastejam até o queixo e por um instante param.

Depois de um segundo como suicidas; elas pulam!

Em silêncio vão caindo, caindo, caindo...

As mãos com as palmas viradas para cima,

Tentam as amparar, inútil.

Levam-nas de volta ao rosto,

Elas unem-se as outras que acabam de descer,

Que não queriam continuar.

E como um peso morto, um incentivo infame,

Unem-se e empurram suas irmãs,

E de mãos dadas voltam a pular...

E nesse frenético desespero de tentar calar o coração,

Na contramão desta mão trémula,

Nessa fúria contida, desmedida...

Sem vaidades, nem palavras,

Que os olhos sangram em vão.

No silêncio dos nossos mais íntimos desesperos...

É quando apertamos os nossos olhos,

Que aliviamos a emoção.

Allan Ribeiro Fraga

ESCRITOR FRAGA
Enviado por ESCRITOR FRAGA em 21/09/2012
Reeditado em 21/09/2012
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