Se eu existisse de verdade

Se eu existisse de verdade,

Tomaria os lábios seus

Como quem toma o sumo

Do mais doce fruto.

Se eu existisse de verdade...

Beijaria o entardecer

Para que tocasse suas lágrimas

Antes que morrestes de saudade.

Se eu existisse de verdade...

Roubaria pra mim a luz do sol

E acordaria seus olhos

Com o riso da aurora.

Mas pobre é minh’alma,

Eu pranteio e desfaleço juventa.

E tanto néctar que as rosas doaram,

Que, então, agora adoça minha mortalha.