No silêncio do vazio

No silêncio do vazio, encontro-me perdido...

buscando com o tato trêmulo, o que me escapa entre dedos.

Reflexo de ti, estilhaçado espelho...

lâmina que perfura intocáveis entranhas.

teu sorriso, tua alegria... minha agonia e sofrimento

Em teu lúdico universo, que tanto desejei,

falta espaço para os desenhos de meu coração...

que dantes pintava o sol, pai das cores...

agora mancha em telas, sem contorno, o cinza chuvoso.

Odisséia que não chega ao fim...

escuta o lamúrio de teu herói...

que já sobrecarregado de perdas, enfim,

venha a clave do gigante, meu algoz...

defendo-me somente com uma pena em punho

rabiscando a cada instante, o sangue negro dos sentimentos,

lacerando no corpo inócuo... a poesia dos errantes.