A cara do abandono

Quando você se foi, Danou-se...

Danou-se os canos, os fios, as paredes,

O teto, tudo por seu desafeto.

Sem prumo , sem rumo, sem inquilino,

beduíno sem tenda, sem deserto

Ou deserto sem calor, sem beduíno;

Essa cara feliz é só fachada,

No fundo, não tem espaço,

Não tem teto, não tem sacada;

Tal qual a casa muito engraçada,

Mas agora não tem tem graça,

Não tem criança, não tem nada.

Na calada, um cão uiva solitário

Seus gemidos de abandono;

Não tem dia, não tem noite,

Só cores frias de inverno insano...

Descontentamento de não ter pátria,

Não ter esperança, não ter dono.

Até a preguiça perde o sono...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 06/11/2012
Reeditado em 13/11/2012
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