O QUE DIZER ?
Juliana Valis



O que dizer da tempestade

Entre as frias letras dos tempos ?

Se a incauta dor que invade 

A flauta do amor nos ventos

É tão alta quanto a potestade ?



Nada é apenas artífcio 

Do que fomos como apologia

A tudo, neste alto precipício,

Chamado dor, ao limiar do dia,

Como cor que impregna verso

Sempre tão disperso nessa luz vazia...



Talvez não haja apenas sonho,

Mas vocação inefável de amar,

Talvez o verso mais tristonho

Que transborde no arrepio do mar

Seja apenas rio do véu que ponho,

Em detrimento do céu que vier me encontrar....



Céus, o que será tão-somente da alma,

Neste mundo onde a carne resume tudo ?

Onde estará a paz, no alarme que acalma,

Desafiando o tempo com seu grito mudo ?




Confesso que nem sei bem o que dizer

Sobre a tristeza, assim, que vem me encontrar,

Na sutileza de um verso que nem sei fazer

Contra todo universo que não sabe amar.


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