fôlego inane

a boca sopra o mar

que não se ergue mais

nem uma pequena onda

um levantar mísero sequer

Nada

a boca...que soprava o mar

alegre e barulhento

cristas de cristais, ondas

mais altas que o sol

a boca que soprava o mar

e o mar molhava a boca

e a boca ouvia aprazida

o grito agudo da maré alta

a boca que soprava o mar

suspira trêmula, o mar não se move

tudo estacou num sono eterno

o coração parou de bater

a boca que soprava o mar

engole o choro molhado dos olhos

que enganam o sal das espumas

e o coração da boca sai feito vômito

a boca insistente, sopra o mar

que não se move mais

os peixes morreram, as pedras também

a boca bebe a água dos olhos que nunca viu.

Vinicius de Andrade
Enviado por Vinicius de Andrade em 18/12/2012
Reeditado em 19/12/2012
Código do texto: T4041502
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