localidade

entrei num buraco fundo

encontrei minha família

e não tenho direito à nada.

nada que sinto, nada

me pode ser se não um nada;

um nada enorme, tão grande como o nada.

o buraco é tão fundo que eu empino uma pipa

e você a vê, suja, sofrida, quase sem voo

e simplesmente diz que seus olhos cansam.

a pipa cai na minha cabeça com força

quebra as varetas e aí você berra alto,

que a culpa é minha, que não sei empinar pipa;

que encho a armação de sentimentos pesados,

rabiola monocromática, e ela cai e a culpa é minha.

Aqui em baixo ninguém me ouve chorar, nem meus pais

que cavucaram a terra e se foram para o leito.

Vinicius de Andrade
Enviado por Vinicius de Andrade em 27/12/2012
Código do texto: T4055625
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