Ego profundo...
Quanto mais o tempo passa,
mais clara eu vejo a Razão...
Nascemos sós e pensamos
que nos cerca a multidão.
Pois posso contar nos dedos
quem, agora, me ouviria...
Ressalvando a mão direita,
só a esquerda me restaria.
E, mesmo assim, eu repenso
se nestes dedos da mão
eu posso incluir você,
meu amigo ou meu irmão.
Será que você se importa
com o que se passa comigo...?
Você, pedaço de mim,
meu amor e meu amigo?
Minha mágoa transparente
a você se torna opaca...
Me enxerga sempre valente,
não percebe que estou fraca...
Que a solidão me corrói,
que a mudez calou meu ser
e que esta verdade dói:
é jogo duro viver...
Encarar a solidão,
coabitar consigo mesmo,
abraçar-se com a canção,
sem se importar sonhar a mesmo...
Ah! Poesia confidente,
me perdoa o desabafo...
Mas na contagem dos dedos,
depois de todo o cansaço
em procurar um amigo,
meu irmão ou meu amor,
para falar de um antigo
sentimento de uma dor,
percebi que nenhum deles
me ouviria com atenção...
Que eu iria molestá-los,
lhes abrindo o coração...
Assim, joguei-me em teus braços,
silenciei o Ego profundo...
Os meus versos são meus traços,
meus amigos e meu mundo!