Na rua

Na rua...

Tenho a saudade cravada no peito

Lembrança sua incrustada na carne.

No parapeito da janela fico olhando a rua.

Na rua crianças correm.

Na rua crianças morrem sem mesmo saber por quê.

Tenho saudade cravada no peito

A cama revirada, o lençol retorcido.

A alma amassada.

O corpo enegrecido.

Pergunto a lua onde você pode estar.

Na rua jovem se enamoram.

Na rua, jovens se matam por um simples olhar.

Sem saber o por que.

Direito de viver!

Direito de morrer!

Direito de amar.

Tenho saudade cravada no peito.

Na soleira da porta fico estático.

Olhando a rua tão crua tão nua.

Rostos cansados, corpos fatigados.

Na rua homens correm.

Na rua homens labutam.

Na rua homens morrem!

Tenho saudade cravada no peito.

Tenho idade me pesando nos ombros.

Solidão companheira!

Um jardim maltratado, uma figueira.

Cinzas, escombros espelho partido na penteadeira.

Lembrança sua clausura da carne feiticeira.

Na rua homens morrem

Jovens morrem

Crianças morrem!

O sol torna-se por.

Amantino Silva 27/11/2009