34 VEZES
Deixou de sorrir por medo (ou pela alma de vidro?)
Já não sentia motivos pra isso.
Os olhos cansados de lucidez
A voz entrecortada de fracasso.
Não sabia ela da vida?
Do veio corrosivo de cada dia?
Do pão arrancado à força do suor do rosto?
Não lhe falaram do padecer das horas?
Deixou de chorar por orgulho (ou pela dureza de espírito?)
Já não tinha mais tempo pra lamentos
Precisava erguer barreiras.
Sua tristeza era palpável.
Teve que tomar responsabilidades quando devia ser criança.
E quando jovem, seu ser parecia ter milênios.
Cuidou pra que nada faltasse aos seus
Quando em seu peito havia escassez de emoções.
Hoje já velha (34 ou mais)
Passa em claro as noites
Impenetrável em sua dor.
Seu coração é frio
Seu andar é calculado
Seu corpo é solitário...
Tornou-se androide.
Racional exacerbada.
Marmórea aos 34 ou mais de setembro.