(In) Pacto

Ainda é vida e vida é fato

Quiçá te reencontro por detrás das pedras

ou das dunas construídas pelo tempo...

Os ventos sopraram forte e tanta coisa mudou...

Porém algumas ficaram.

Lacunas que perduraram

como uma cruz atravessada

transfixiando o interior.

Teus cabelos grenás, agora pálidos, te emoldura um triste rosto.

Há marcas e traços que descrevem uma trajetória

que nem de longe conheço...

Teu riso ainda escorre, agora um tanto desbotado,

incrusta uma outra história num calar dissimulado.

E o amargo que tu sentes em sentir o que nada mudou.

Nosso pacto já decrépito e ainda válido

permanece em nossos sangues que ora foram misturados,

corre em prol de um novo encontro

de almas e de nossos corpos,

que num dia se cruzaram

e hoje seguem separados.

Quiçá só te reencontro com teus olhos já cerrados...

E no teu peito velado os segredos que viveste

juntos ao teu corpo inerte,

e, com a mente inconsciente

do presente e do passado,

esfriando sobre uma pedra

prontos pra serem enterrados.

E como da primeira vez

prantearei triste ao teu lado

Levarei flores pra ti

e novamente sentirei o adeus.

Beto Acioli

26/02/2013