Palavras caladas...
Tem gosto de noite sombria
esta poesia, que sai do meu peito...
Sem jeito, misturo as palavras,
como quem lavra nalgum labirinto...
Sem inspiração, meu coração vagueia...
Anseia por abraçar a alegria,
que dele se esconde,
passando por onde a rima campeia...
E vem ao abraço do dia,
com os olhos molhados,
um nó na garganta, sabendo, contudo,
que a vida prossegue,
que a dor me persegue,
com passo gigante...Avante,
me lanço de algum precipício...
Onde a sacada é só orifício...
Buraco de porta, trancada no tempo,
que não comporta mais que um olhar,
em noite de lua...Crua
realidade, que manda calar...
Que busca sentir, sem nada pedir,
sem nem reparar no seu paladar
de boca que seca, à mingua de um beijo,
quando o desejo ficou sufocado,
no pranto calado, sem nada ocultar...
(às 08:00 hs do dia 23/03/2007)