A triste história do Pequeno Homem-Leão

A inocência transcendia a alma daquele menino,

De sorriso simples e olhar forte.

Inteligente, destemido, pensei comigo...

Que mãe de sorte!

Ele se destacava por sua educação radiante

E todo mundo se apaixonava

por aquele menino brilhante.

O que eu não esperava

Era que estava ali

A historia mais triste

Que de perto eu vi.

De repente sempre a mesma roupa

E mais suja a cada dia

Me chamou a atenção

Alguma coisa acontecia.

No bebedouro se debruçava

E litros ele bebia.

Na merenda, envergonhado,

Dois ou três pratos, repetia.

Aquele menino genial

No fundo da sala se escondia

Não era mais o mesmo

Ninguém o reconhecia.

Confusa, eu não sabia o que pensar.

Mas não demorou, quando vieram me contar

O que sofria aquele menino,

Era mesmo de assustar...

A pergunta na calava: Onde está sua família?

Mas não se imaginava que ninguém ele tinha.

Sua mãe o abandonou nos primeiros meses de vida

Seu pai então, ninguém conhecia.

Foi largado aos cuidados de uma parente distante

Penando amargamente

Sob uma exploração constante.

Não podia assistir TV, ler ou brincar.

E para poder comer, o chão tinha que lavar.

Abatido e cansado daquele inferno

Fugiu para o mundo, sem rumo certo.

Vagou por ruas tentando encontrar

Um lugar seguro para se deitar.

O quintal de uma casa encontrou por ai,

E de longe esperava o dono dormir.

Quando a luz apagava

Tinha que correr

E se ajeitava por lá

Até o amanhecer.

Pelas ruas vagava

Por todo lado percorria

Sem destino, estrada...Não sabia onde ia.

Mas pra escola voltava, todos os dias.

Por ai não mendigava

Por onde andava, nada pedia

Uma coisa o denunciava: de fome e sede morria.

Com todo o acontecido

Tomaram-se providência

O levaram para um abrigo

Buscando assistência.

Uma tristeza profunda ali se estabelecia

E com aquela situação todo mundo sofria

Especialmente uma,

Que se chamava Maria.

Todos os dias, no fim da aula

Ela o via e afago não faltava

Era a alegria de um anjo

Encontrando sua fada.

Maria era uma senhora

Cozinheira da escola

Cheia de vida e sonhos

Alegria pra toda hora.

Entre os dois o carinho só crescia

Amor de avó e neto

Um laço de outra vida.

E no abrigo ele foi procurado

Pois Maria o queria do seu lado

Por muitas vezes tentou levá-lo

Só um ou dois dias...

Mas nunca deixaram.

Por tempos ela esperou com calma

A chance de um dia tê-lo em casa

Ofertando o amor que ele tanto sonhava

E no dia que a justiça concedeu

O corpo de Maria faleceu

No outro foi enterrado.

Partia sem saber que seu desejo ia ser realizado.

A fé e o mundo do pequeno desabou

Nada mais o interessava

E junto com Maria ele enterrou

Toda esperança que ainda restava.

Antes de compreender a vida,

Já conhecia a dor da morte.

Nunca ouviu falar em sonho mas já vivia em abandono,

Sempre entregue à sorte.

Não faço a menor idéia

de qual será o seu destino.

Só me resta pedir ao Senhor:

Tem piedade daquele menino!

Marise Marinho
Enviado por Marise Marinho em 28/04/2013
Reeditado em 28/04/2013
Código do texto: T4263122
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