Tudo o que fomos.

Tudo o que vivemos,

tudo o que precisamos,

tudo o que dissemos,

tudo o que esperamos,

tudo o que sentimos,

tudo o que planejamos,

tudo o que prometemos,

nada mais tem qualquer valor,

chegamos ao final desse amor,

amargurados por essa dor cortante,

essa sensação de imobilidade crônica,

essa visão sem nenhuma esperança ou alento...

Tudo o que sonhamos,

tudo o que construímos,

tudo o que desejamos,

tudo o que afirmamos,

tudo o que sofremos,

tudo o que buscamos,

tudo o que enfrentamos,

nada mais tem qualquer sentido,

chegamos no limite sem nenhum pedido,

vazios de possibilidades de um retorno,

esse triste topor que nos consome como almas perdidas,

esse lamento que emana como o uivo de um lobo nos estepes...

Tudo o que deixamos,

tudo o que fomos,

tudo o que não mais somos,

tudo o que cobramos,

tudo o que deliramos,

tudo o que escrevemos,

tudo o que trocamos,

nada mais tem qualquer razão,

chegamos à beira do abismo de nosso coração,

desiludidos com horizontes sem cor ao fundo,

essa fraqueza que toma conta de cada movimento,

essa saudade que mata lentamente à cada lembrança...