Real e imaginário

A guerra é real.

Mas o inimigo é imaginário.

O sonho é real.

Mas a felicidade é imaginária.

O medo é real.

Mas a coragem é imaginada.

A perspectiva incide sobre o foco

E infecta o ambiente como flechas

Que alcançam o alvo.

Na mira um olho vê,

Enquanto que o outro olho

Apenas dispersa.

Um olho é caçador e o outro é a vítima.

Dualidade paradoxal reside em nós

Silenciosamente.

O espírito é real

Enquanto que o corpo é incidental.

A alma é real.

E navega sagrando os mares de indiferença.

Ancora na esquina da saudade e

brinca com as lembranças

Como se fossem castelo de areia.

O sol é real.

Mas o bronzeado é pretensão.

A lei é real.

A justiça é apenas uma quimera.

Muitas cabeças e pouca compreensão.

A lógica do julgamento está em

punir o réu e premiar o autor...

Ou punir o autor e premiar o réu.

Vigiar, punir e premiar.

Qual é a metafísica de uma sentença?

Dirão, alguns, que nenhuma.

Dirão, outros, que materializa o bom senso.

A sentença é uma espada enferrujada que

ganhou um banho de metal novo.

Reluz muito e brilha diante do sol.

Por vezes só sua aparência é capaz de cortar...

Tal como a espada que é...

Por vezes, é uma alegoria de uma deusa

Que vendada, rendida

no auge de sua agonia, entrega-se

ao vencedor.

Sem saber que a guerra é imaginária

Mas o inimigo é real.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 18/05/2013
Código do texto: T4296304
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