HONRA DE MORRER
Meu olhar é inconsolável como o choro aflito
Do pai que perdeu o filho na flor da idade,
E minha tristeza tem a mesma intensidade
Do vento contrário que lhe levou o filho!
Já não peço ao mar amigo o abraço da brisa calma,
Herdei da Natureza a frialdade do inverno;
Não procuro o Céu, nem fujo do Inferno,
Eu sigo apenas o que me diz a voz rouca da alma!
E assim como o Sol se põe no deserto horizonte,
Ergo as minhas mãos, aceno um adeus
E vou andando sem saber ao certo para onde,
Levando na minha noite a Lua que não nasceu!
Se a vida me condenou a errar nos Umbrais,
Que seja o meu fim desaparecer nas sombras;
Já não espero do tempo a eternidade, mas a honra
De morrer em paz!