NOITE FATIGADA

Abandono o pensamento na imensidão da noite

e, assim, entregue,

percorro os olhos por estrelas diminutas,

procurando não sei o quê...

Talvez um eclipse descuidado não registrado,

quem sabe um vulto perdido,

uma estrela cadente,

uma lua pintada de vermelho,

descendo pela alvorada

em disputa com o sol.

Não importa o que procure,

o importante é que encontre algo,

nesta madrugada louca de solidão.

O importante é que abandone

este pensar inoportuno nada solidário,

atrativo de almas noturnas penalizadas,

antecipando aos meus olhos,

qualquer mera emoção.

Carreguem eles pelos raios do luar

toda a minha melancolia.

E descubro num ponto qualquer ,

uma nuvem mais clara...

paro ali na diferença,

tentando saber atrás dela o que há.

Quem sabe um óvni ...

quem sabe o espírito da noite,

tentando passar poesia

a esta deserta alma

Nada vejo, mas sou capaz de imaginar.

E então, escrevo, apoiada na imaginação,

meus desencontrados pensamentos...

E consolada entre miragens que só eu vejo,

deito-me na cama...

janela semi aberta, perigo rondando a casa...

mas, que importa ?

Se sou a presa de sofredores,

alimento preferido de noites esfomeadas

da minha alma.

Eu só queria escapolir deste corpo,

acordar o sol,

fazer mágica !