GRITOS

Ouço gritos de tudo...

Da noite nublada,

do inverno arrepiante,

daqueles que são amantes,

dos vultos na casa !

Gritos de angústia, saudade,

mágoas profundas...

Da vida desamparada

vivendo ao redor de nada...

Gritando por esperanças

eternamente surdas !

Gritos de tudo ouço...

Do íntimo dos sofredores.

E vejo, no olhar, as dores

daqueles que não desabam

nem mesmo amores !

Gritos...

Mais altos que os sons

de um grito

agudo e prolongado...

Mais triste que um uivo de cão...

Mais chorado que um miado

de gata no cio...

Mais grito que a dor

de um parto difícil...

Mais desesperado que o berro

é o grito que sai,

do meu barulhento espírito !