Apólice

Assistindo a nossa decadência na TV

a vida nos contatos diários não vi

quando quero falar do amor não posso

e há quem se divirta assim.

Se amassa a massa nas conduções

massacrado o lírio morreu na calçada

apressadas as pessoas queriam logo

o lucro que era um vício louco

como louco o inventor do poder.

Perder-se dentro de si foi simples

na reação à ação involuntária

comunitária a dor sem barreiras

cegueira noturna ou mesmo ao sol

solitário o ser desagregou-se então

encarcerou-se quando libertar-se seria mais fácil

andou por léguas para ao nada chegar e

quem já viu não mais reconhece

o povo que nem sei se já foi feliz um dia.

Desorientado ele cumpre pena

quando erraram em seu nome sem lhe pedir licença

a doença do capital foi fatal

e desde então não houve ceia

e desde então não houve um natal

verdadeiro.

(O derradeiro sopro findou aqui.)