LÁGRIMAS.
Lágrimas que teimam lavar minha
face,que sai voluptuosa das entranhas
do silêncio.Face que se enruga,
que desmistifica,que externa as
dores do poeta,lágrimas que não
diz nada além dos rios das rugas que
tangem essa face.Lágrimas e face
que se abrem sob esse viaduto frio
e estático,nesta manhã de brisa insensível,
e avenidas engasgada pelo tal progresso,
Lágrimas que sepulta meu dia,e espoem
as chagas de uma mãe que se perde
no choro do filho,coração de mãe é sempre
o mesmo tom,as mesmas sepulturas,os mesmos
paraísos,o choro dos filhos não,para essa
mãe é espada afiada no peito magro e
distante.Lágrimas que desce sem pedir
licença, que mistura ao silêncio da mãe
e a face de fome do filho,nesta larga
avenida, escorre , ganha a pureza do
céu ,aonde Deus pontua as dores,aonde
um dia o sofrimento será convertido
em prazeres.