Eu odeio você, eu amo você

Eu, água de cacimba

você, sedendo de água perrier

nem olha para esse coitado

filtrado em filtro de barro

desejando um beijo seu

para matar a sede

feito um sedento

como um detento

jurado de morte

mas juro que eu tento

servir para você

que veste GG

e eu calça tamanho PP

não sirvo mais para você

eu tão servente

fazendo das tripas

o coração ardente

e você não, não quer não

é tão que quente

e eu sou friozão

só sirvo para coisas do lar

lavar passar cozinhar

já para para sua cama

pedes outras damas

outros corpos

outros tratos

e eu não sou mais o prato

que desejas comer

sou prato de esmalte

e você deseja porcelana fina

nem a minha rima

rima mais eu com você

o que fazer

se você não me quer

se você não assina

mais a minha ficha

mas lhe vejo caneta aflita

por outra bicha

uma vaca lixa que lhe dê prazer

e eu só sirvo para lhe servir

só sirvo para lavar seu banheiro

para lhe servir o dia inteiro

eu odeio você

eu amo você

e só você não vê

você nem lê o que escrevo

o poema que chora

quando você vai embora

e ainda lhe mando em flores

para me devolveres outras dores

quando rasgas minhas estrofes

sem ler meu sentimento exposto

sem ver o sentimento em meu rosto

ah garoto,

porque me queres se não me queres

porque me feres

será mesmo que não passo

das fezes do seu boyfriendy

mas na verdade sou eu

quem fica vinte e quatro horas

ligado em você

e você não vê

cego surdo mudo insensível

- Deixa eu gostar de você!

2013

Marcos Horto
Enviado por Marcos Horto em 08/07/2013
Reeditado em 12/07/2013
Código do texto: T4377413
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