De pé

Estou de pé diante da devastação,

um paraíso perdido, um deserto no meio do nada,

o frio tomando conta de cada espaço sem vida,

memórias ressecadas em frustrações que terminaram...

Estou de pé diante de gelo fino,

um conto congelado sob meus pés tortos,

sorrisos apagados na nevasca de dias sem sol,

planos seputados num cemitério de silêncio e ausência...

Estou de pé diante de finais sem meios,

inícios que se desintegraram em vazios de distância,

emoções fragmentadas como espelhos ricocheteados,

tristes trópicos de sentidos sem inspirações poéticas...

Estou de pé diante de mim mesmo,

abandonando minhas torpes ilusões,

chorando minhas lágrimas ausentes,

desistindo de encontrar algum retorno à minha sanidade...