Desagravo poético pela humanidade

Eis-me aqui,

no lodo de meus pensamentos,

envolto em minha insanidade temporária.

Sou Deus, apontando teus erros.

Teu pecado envergonha-me,

dei-lhe o mundo e o destruístes,

dei-lhe a vida e de outro a roubastes,

dei-lhe a inteligência

e com ela construístes armas de destruição em massa.

Dei-lhe o pão e com quem tens dividido?

Teu ódio aniquilou minha presença,

tua revolta, aproximou-te do mal,

tua indecência causou-me asco;

vedes; doenças, preconceito, fome...

E como não lembra-lo dos filhos que te enviei,

contudo, em tua ignorância... Desprezastes!

Tua inveja despertou minha irá,

tua prepotência, minha indignação,

porém, em minha benevolência,

estendo-lhe novamente a mão.

Entretanto, não lhe darei outros mandamentos,

nem lhe farei ouvir novos ensinamentos...

Dar-te-ei somente um espelho fosco,

para que em tua imagem não vejas vaidade;

mas a beleza desta vida que vós concedo.

Eis-me aqui, um poeta,

digerindo os venenos da humanidade...

Oscilando entre o céu e o inferno,

temeroso do julgamento de meus pares,

todavia, há de ser breve a agonia.

E que se multiplique sobre a terra,

os homens de boa vontade.

Eis-me aqui,

diante de leões e carrascos,

a vislumbrar os anjos que me aguardam.

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 12/04/2007
Reeditado em 11/01/2010
Código do texto: T447157
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