ALMA PENADA

Deixou o pão pelo vinho

Deixou a rosa pelo espinho

Deixou o amor

Para fazer horror

Deixou a paz pela guerra

Deixou de deitar em uma cama

Para se afundar na lama

Deixou de ser amado

Para se repudiado

Deixou de semear vida

Para cultivar ferida

Só para velas sangrar

Então poder ter motivos para reclamar

Deixou de viver para vegetar

E ainda sente-se ofendido

Sozinho perdido

Não admira um céu estrelado

Nunca se fixa no bailado

Da lua no baile do céu

Vive perdido ao léu

Sofre e faz sofrer

Vive dizendo que quer morrer

Mas enquanto Deus não chamar

Será um corpo sem alma

No mundo a penar.